28 de julho de 2011

MORRI















Pisou naquele chao como se tivesse acabado de acordar de um coma profundo, de um pesadelo que parecia eterno. O toque frio das folhas nos seus pes ainda o faz viver um pouquinho de tudo aquilo que nao sai da sua lembranca. Como a insensatez de uma mente solitaria, o vento frio toca sua pele, protegida apenas por aquele fino roupao hospitalar, que nada cobre, que nada aquece; protecao desprotegida de uma vida desinfectada, desinteressante, sem ar, sem sombra, sem nada, simplesmente devastada pelo tempo. A ausencia de consciencia nao lhe permitiu ver seus cabelos se tornarem grisalhos, nem seu sorriso ser congelado, nem sentir o frio do vento que lhe toca na face. Nao ha' nada e nem ninguem, todos se foram e tudo o que lhe restou foi a vaga lembranca de quando deixou de sorrir. Hoje, habitada apenas pelo barulho do vento, e vozes desconhecidas, a lembranca do cheiro da poeira de uma demolicao que parece nao ter fim, sua mente vagueia e nada mais lhe acrescenta, nem as lembrancas de uma vida toda de dedicacao ao proximo, consegue lembrar. Se sente anestesiado. Toca seu corpo e nao sente mais prazer, nem desprazer, sente o ar entrar em seus pulmoes e sair carregando tudo de ruim, limpando seu corpo e seu pensamento e purificando sua alma. Quem esta ai? - pergunta ele, perdido num mar de vozes que parece nao ter fim, num eco de emocoes, de medos e angustias...solidao de uma mente vazia, vagando pelo espaco da inconsciencia pessoal, da morte, da vida, do misto de tudo aquilo que ja nao lhe faz mais chorar!

2 comentários:

Bruno Batiston disse...

Gostei muito de te ler em prosa. Acho que nunca me identifique tanto com algo teu. Está bem próximo do que estou sentindo, num momento tão absurdabsurdabsurdamente difícil. Coisa que não cabe em nenhum verso... Mas que há de passar, num " misto de tudo aquilo que já não me fará mais chorar!"

Zucco Bifulco disse...

Belo texto encharcado de sensibilidade.